A imagem no ecrã mostrava um amontado de cinzentos. De olhos iluminados, iniciamos a leitura dedicada e meticulosa deste quadro abstracto. Como dentro das salas infinitas dos grandes museus, os ponteiros do relógio criaram o seu próprio compasso e abandonaram-nos na nossa contemplação. Foram feitas contagens. Foram registadas medições. E em atribuições ingénuas, foi lançado o mote para falar de personalidade. Imaginem que estão na frente do vosso quadro favorito. Ou de uma fotografia envolvente. Agora imaginem nessa imagem exigem o movimento da vida. Humana a tentação de explicar. Neste quadro cinzento existe vida. "Está no quartil 50" diz a médica. E com o dedo indicador, apresenta o nosso filho.
Mura.